quinta-feira, 20 de abril de 2017

“De Leiria a Angola - Relato Manuscrito de uma Viagem a África (1897-1898)”

20 de abril de 2017
Sociedade de Geografia de Lisboa





No âmbito dos estudos em Ciências Sociais os dados qualitativos enriquecem a interpretação de qualquer fenómeno, pelo que são de privilegiar as declarações escritas que até nós chegam por via de relatos pessoais.
Foi o que aconteceu com o manuscrito apresentado numa conferência pela socióloga Prof.ª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, coordenadora do "Grupo Migrações" da Sociedade de Geografia de Lisboa e pelo historiador Dr. Amílcar Baião Pinto, no passado dia 20 de abril.
Uma viagem realizada pelo seu avô materno (Amílcar Cortez Pinto) que se desloca de Leiria a Angola para procurar melhorar as condições de vida e, sobretudo, assegurar o seu futuro, constitui objeto de análise e é utilizado como paradigma do movimento emigratório que então tinha lugar.
As várias etapas do percurso realizado no fim do século XIX encontram-se registadas nas 57 páginas manuscritas do documento, cuja riqueza de conteúdo foi exposta e analisada recorrendo à projeção de imagens da época.
Seduzido pela expectativa de encontrar em África um "futuro ridente", parte do continente para as colónias seguindo a sugestão apresentada por um amigo de seu pai.
Os sucessivos contactos com os portos onde o navio atraca fazem-no transmitir as impressões que sente, não isentas dos juízos de valor, que sobre a paisagem e as populações recaem.
O texto dá a conhecer a orientação de uma rota oceânica em direção ao Sul, relata as condições de viagem e, por fim, os locais de instalação no destino final.
Uma escrita silenciosa, que data de há mais de um século, faz-nos chegar não só uma informação inédita como o sentir de um "emigrante" que procura encontrar sucesso.